Oficiais da Força de Segurança do Egito anunciaram na última quinta-feira, dia 26 de outubro, que o exército do país elaborou planos para atacar alvos na Faixa de Gaza. A ameaça de ataque é a primeira do tipo, após semanas de tensão entre Cairo e o Hamas, partido no poder na Faixa de Gaza. Na semana passada, o Ministro das Relações Exteriores egípcio, Nabil Fahmy, realizou uma declaração de que a situação entre Cairo e o Hamas era de tensão e seria possível haver respostas militares por parte do Egito.
Desta vez, fontes do Exército relataram à agência de notícias palestina, Ma’an, que os novos planos do país em relação à região incluem ataques a alvos específicos, além disso que as Forças Armadas já sobrevoaram o território em veículo aéreo não tripulado para fotografar uma série de pontos no local. Segundo os oficiais, os ataques serão realizados caso haja uma escalada de violência contra tropas egípcias no Sinai por grupos terroristas baseados no território palestino governado pelo Hamas.
As informações são de que o Exército do Egito planeja atacar somente grupos extremistas baseados em Gaza, considerado como hostis. Os oficiais procuraram deixar claro que não enxergam toda a população palestina sob o governo do Hamas como adversária.
O aviso por partes dos militares foi realizado depois de três soldados egípcios terem sido feridos com explosões ao norte da Península do Sinai, na manhã de terça, dia 1o de outubro. A tensão entre o Governo egípcio e o Hamas na “Faixa de Gaza” vem crescendo nas últimas semanas, com o aumento da violência entre exército e grupos islamitas na região.
A fonte que realizou o pronunciamento à agência Ma’an afirmou que o ataque realizado ao centro de inteligência localizado na cidade de Rafah, próxima a fronteira entre Egito e Gaza, foi realizado por organizações terroristas do próprio lugar. No ataque em questão, ocorrido há menos de um mês, duas explosões mataram dezessete pessoas e deixaram onze feridos, a maioria soldados.
Na quarta-feira passada, o comandante do Segundo Exército do Egito, general Ahmed Waasfi, declarou que a paciência das forças militares egípcias com osjihadistas da Faixa de Gaza está se esgotando[5]. Ao longo das últimas 48 horas o Exército egípcio intensificou suas operações ao norte do Sinai, com o objetivo de rastrear operações terroristas, além disso, os militares continuam demolindo túneis que ligam o país a cidades na Faixa de Gaza. Centenas já foram demolidos e a economia já precária das cidades palestinas localizadas na região começa a piorar ainda mais sem os contrabandos de produtos vindos do Egito.
Na semana passada, o Governo egípcio reabriu a passagem de Rafah, principal fronteira entre Egito e Gaza, que ficou fechada por aproximadamente uma semana e meia. A passagem é constantemente fechada e reaberta desde a deposição do ex-presidente Mohamed Morsi pelo Exército, no último dia 3 de julho, como resultado das acusações contra o Hamas, que estaria envolvido em ataques aos soldados egípcios no Sinai. O Hamas continua negando as acusações feitas pelo governo do Egito, afirmando que elas são uma tentativa de prejudicar sua imagem.
Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.
Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/
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