Depois da explosão, o silêncio ensurdecedor. Atordoados, catam o que restou das casas, dos corpos, da dor. Alguns se afastam do mundo virtual, têm a vida para respirar. Outros observam a movimentação estáticos, sem forças para reagir. Depois da catarse, o vazio.
Uma hora antes do anúncio do cessar fogo para o início da noite, a israelense que tanto se esforçara em estabelecer sonhos com Gaza teve sua casa parcialmente danificada por um míssil. Dois amigos de sua comunidade foram enterrados nos dias que se seguiram e um terceiro ainda luta entre os dois mundos. Todos os outros anúncios de cessar fogo eram previstos para a virada da noite; este, chegou atrasado em uma hora.
A urgência toma conta de todos. No final de semana antecipado rumam para o norte, onde o ar desliza mais tranquilo entre as montanhas. As notícias de que grupos rebeldes tomaram o posto de controle na fronteira com a Síria de onde foram, em seguida, lançados alguns morteiros, parecem não ter intensidade suficiente para competir com a necessidade de silêncio.
Planos são adiados, afinal, é verão. Às vésperas da volta às aulas, as férias maculadas pelo sangue de inocentes deixará marcas profundas. Algumas ficarão expostas na face, sem possibilidade de qualquer disfarce. Outras, irão para debaixo do tapete e voltarão para nos assombrar enquanto saborearmos distraídos um café, ao som de alguma canção francesa antiga à beira-mar.
Texto publicado originalmente no blog pessoal da autora.
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