No dia 10 de novembro de 2013, o Fórum 18 realizou na sede da Bnai Brith em São Paulo o “V Seminário Israel – Palestina: Narrativas em Jogo”. O seminário seguiu um formato parecido com o das edições anteriores: quatro mesas para tratar sobre temas ligados ao conflito, considerando sempre um bom tempo para discussão com o público presente. Algumas novidades na dinâmica de cada mesa foram incorporadas, e um público de aproximadamente 60 pessoas contava com a presença de jovens de outros estados como Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, o que contribuiu fortemente para o debate sobre as diferentes realidades que vivem as comunidades judaicas no Brasil.
A primeira mesa do seminário foi composta pelos professores Mohamed Habib (Unicamp) e Samuel Feldberg (USP) e tratou do tema “20 anos de Oslo: perspectivas para o futuro”. A fala iniciada pelo professor Mohamed Habib trouxe uma perspectiva motivadora e esperançosa para iniciar o longo domingo; Mohamed começou sua fala fazendo um breve histórico sobre o conflito, e lembrando suas antigas participações em debates neste estilo sediados pela própria Bnai Brith no passado. A fala sustentou a importância de não classificar a solução do conflito como uma causa perdida. O professor Samuel Feldberg, por sua vez, assinou embaixo a fala de Mohamed trazendo algumas questões pontuais a serem desenvolvidas acerca do histórico do conflito.
O seminário seguiu com uma novidade no formato da mesa: apenas um professor convidado, utilizando o tempo que normalmente é destinado a dois palestrantes. A proposta foi trazer o professor a UFRRJ, Luís Edmundo de Souza Moraes, para tratar de um tema delicado, mas que é sua especialidade, o “Antissionismo e o Antisemitismo”. A fala de Luís Edmundo trouxe a tona às diversas interpretações e confusões que se fazem destes termos dentro do universo do conflito, e esclareceu a importância de um uso correto destas concepções dentro deste debate.
O terceiro momento do seminário seguiu o exemplo de sucesso testado durante o IV Seminário que ocorreu na sede do Hilel (Rio de Janeiro) em Maio: trazer para a mesma mesa representantes de diferentes movimentos juvenis. O tema tratado aqui era “Como os movimentos juvenis enxergam o conflito israelo-palestino?”. A mesa foi aberta com a fala de Kike Rosenburt, seguido de Liran levy, representantando os movimentos Habonim Dror e Hashomer Hatzair respectivamente. A exposição dos dois trouxe um ponto até então pouco discutido dentro do universo do Fórum18: As dificuldades e resistências encontradas pelos movimentos de esquerda dentro do mundo paulistano, que não se apresentam no ambiente do Rio de Janeiro onde estão sediados. A falta de abertura e conservadorismo que diferenciam a comunidade paulistana frente a carioca, levou estes movimentos a centralizar suas atividades no Rio de Janeiro.
Ainda nesta mesa, tivemos a presença do Rabino Daniel Segal representando o movimento Bnai Akiva, e Andre Wajnberg representando os movimentos da CIP. O Rabino Daniel respondeu às diversas perguntas vindas do público, principalmente relacionadas ao posicionamento do Bnai Akiva frente às questões do conflito. O Rabino defendeu e mostrou que a percepção sobre participação do Bnai Akiva neste processo, é muitas vezes generalizada dentro da concepção da atuação da direita israelense. Andre Wajnberg trouxe os desafios enfrentados para que se possa pensar em uma nova educação judaica, tanto formal quanto não-formal. Além do público presente, as falas foram discutidas pela especial presença de JOÃO K. MIRAGAYA por teleconferência, ao vivo, e que trouxe a visão de um ex-membro do habonim dror que hoje mora em Israel. João contestou muitos dos pontos ali expostos a partir de um ponto de vista diferente, trazendo uma visão como Israelense e sujeito deste meio de campo realizado pelos movimentos juvenis entre a diáspora e Israel.
Para fechar o Seminário, a última mesa contou com a presença do prof. Michel Gherman, tratando do tema “Identidade judaica e sionismo”. Michel levantou algumas das questões discutidas na mesa anterior para pensar a educação judaica no Brasil. As diferenças entre o Rio de Janeiro e São Paulo ficaram explícitas em mais um contexto, que é o das escolas judaicas. A discussão sobre a identidade judaica, que leva ao debate em torno da educação judaica, teve como referência as experiências educativas encontradas por Michel em Jerusalém. O modo tradicional de se perceber como parte de uma comunidade judaica, e seu modo de se relacionar com o mundo, tem mudado radicalmente nos últimos anos desde Jerusalém, e deve influenciar a educação judaica ao redor do globo. Uma diferente forma de se perceber dentro do contexto da diáspora, e de ressignificar esta relação com Israel, é a tendência hoje em Jerusalém e um debate caloroso para as diásporas.
Assim se encerrou o V Seminário, trazendo pequenas alternativas em seu formato, porém, que tiveram grande impacto no teor das discussões. A presença de um público contestador foi fundamental por sua grande participação e contribuição para o debate. Novos questionamentos surgiram, mas uma certeza coletiva: de que é hora de tentar transformar estas discussões em algo prático no cotidiano destas comunidades judaicas.