Na última quarta-feira, dia 13 de novembro, o presidente deposto do Egito,Mohamed Morsi, deu pela primeira vez sinal de sua situação desde o golpe que o depôs do poder em julho deste ano. As notícias do Ex-Presidente vieram através de uma carta lida por seu advogado, Mohamed Damati, na televisão egípcia. Soube-se muito pouco sobre o paradeiro e a situação de Morsi desde que ele foi tirado do poder e a carta lida por Damati afirma que Morsi foi sequestrado pela “Guarda Republicana” um dia antes do golpe[1].
Segundo o relato da carta, supostamente escrita pelo líder da “Irmandade Muçulmana do Egito”, a “Guarda Republicana” – grupo militar de elite que protege o palácio presidencial e outras instituições governamentais – sequestrou Mohamed Morsi no dia 2 de julho e o manteve à força em uma “Base Naval”. O Exército anunciou a deposição de Morsi no dia 3 de julho. Desde que o general Abdel Fattah Al-Sisi assumiu o governo de transição e declarou planos para futuras eleições, quase nada foi informado a respeito do paradeiro e das condições do Ex-Presidente egípcio.
Morsi apareceu pela primeira vez após sua deposição no dia 4 de novembro, em julgamento relacionado a acusações de incitação da violência e assassinato de manifestantes que protestavam em frente ao palácio presidencial em dezembro de 2012.Damati afirmou que Morsi ainda se recusa a reconhecer a Corte que o está julgando – a mesma onde o presidente anterior a ele, Hosni Mubarak, também está sendo julgado sob acusações semelhantes. Se Mohamed Morsi for condenado, ele pode receber pena de morte ou prisão perpétua[2].
A deposição Morsi foi requerida por manifestações massivas em junho e julho de 2013.Ele foi acusado por parte da população de manter um governo autocrático, islamita e sem liberdade de expressão, sendo prejudicial ao Egito de diversas formas, especialmente a econômica. Sendo a figura à frente da “Irmandade Muçulmana”, que representou por décadas a principal oposição ao governo de Hosni Mubarak, Morsi também possui grupos significantes de apoiadores que ficaram insatisfeitos com o movimento militar, alegando que a retirada do Ex-Presidente do poder foi um ato antidemocrático.
Desde julho, a tensão entre a “Irmandade Muçulmana” e as “Forças Armadas”aumentaram significativamente, gerando confrontos violentos pelo país. A “Irmandade Muçulmana” conseguiu maioria de votos em todas as eleições democráticas realizadas após a renúncia de Hosni Mubarak. Centenas de membros do grupo foram assassinados e milhares presos, inclusive seus principais líderes. Em setembro, após a queda de Mohammed Morsi, a organização islamita foi banida e teve seus bens confiscados pelo tribunal egípcio[3].
A carta escrita por Morsi e lida por seu advogado é a primeira manifestação pessoal do Ex-Presidente acerca dos acontecimentos que se desenrolaram no país desde julho.
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Imagem (Fonte):
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
http://www.haaretz.com/news/middle-east/1.557822
[2] Ver:
[3] Ver:
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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.
Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/
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