A atual guerra civil na Síria teve início com revoltas pacíficas contra o governo em março de 2001. Com mais de dois anos e meio de duração, o conflito já resultou em um número superior a 100 mil mortos. Em maio de 2013, surgiu pela primeira vez a ideia de uma reunião em Genebra para se chegar a alguma resolução diplomática e, em setembro, o “Secretário Geral das Nações Unidas”, Ban Ki-moon, anunciou uma data provisória para a realização da conferência em questão, que deveria acontecer em meados do atual mês de novembro.
Esta semana, o enviado da ONU e da “Liga Árabe” para a Síria, Lakhdar Brahimi, declarou que a data para o encontro planejado em Genebra terá que ser adiada. Seu anúncio foi feito após um dia de reuniões com diplomatas. Uma das principais questões que funciona como um obstáculo para a realização do evento é a recusa da oposição a respeito da presença do atual presidente sírio, Bashar al-Assad, ou de algum de seus representantes. Assad, por sua vez, afirma que qualquer resolução para a Síria só pode ser atingida se a ajuda externa enviada a forças da oposição para armamentos for finalizada[1].
Brahimi discutiu a situação da Síria nesta última terça-feira em Genebra, encontrando-se com enviados dos “Estados Unidos” (EUA) e Rússia, além dos outros três membros permanentes do “Conselho de Segurança da ONU”, Grã-Bretanha, França e China. As conversações diplomáticas também envolveram os países vizinhos à Síria – Turquia, Irã, Jordânia e Iraque. No encontro, ainda, oficiais do “Comitê Internacional da Cruz Vermelha” e de agências de ajuda humanitária da ONU chamaram a atenção para a gravíssima situação social da população síria, que enfrenta problemas de saúde, pobreza e fome, além do alto índice de mortos e refugiados[2].
Dentre os desentendimentos acerca do acerto de uma data para a conferência em prol da resolução do conflito, agora também encontra-se a possível participação do Irã. Sergei Lavrov, “Ministro das Relações Exteriores da Rússia”, reiterou que todos os atores que influenciam a situação devem estar presentes, inclusive o Irã, e não somente os países árabes. Ahmad Jarba, presidente da“Coalizão Nacional Síria” – principal grupo da oposição ao governo de Assad – declarou que a organização se recusa a estar presente caso o governo iraniano faça parte da conferência[3].
A forte influência da Rússia e do Irã no cenário político da Síria tem sido caso de discussão internacional nos últimos meses, bem como o apoio fornecido por estes países ao governo de Bashar al-Assad. Sergei criticou fortemente a posição de Jarba e afirmou que não devem haver pré-condições para a realização de “Genebra 2”.
Lakhdar Brahimi falou que o adiamento da data prevista já era de se esperar, porém o “Secretário Geral da ONU” encontra-se impaciente pela realização do encontro. A situação no país continua a piorar altamente para a população local. Atualmente, cerca de 6 mil pessoas deixam o país todos os dias.
A “Subsecretária-Geral para Assuntos Humanitários e Coordenadora de Ajuda Humanitária das Nações Unidas”, Valerie Amos, declarou ao “Conselho de Segurança” que a crise na Síria “continua a se deteriorar rápida e inexoravelmente”. No momento, aproximadamente 9,3 milhões de pessoas, cerca de 40% da população local, está necessitando de assistência internacional[4].
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Imagem (Fonte):
http://www.reuters.com/article/2013/08/28/us-syria-crisis-brahimi-idUSBRE97R0EW20130828
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Fontes consultadas:
[1] Ver:
http://www.un.org/sg/offthecuff/index.asp?nid=3162
[2] Ver:
http://www.un.org/sg/spokesperson/highlights/
[3] Ver:
http://www.haaretz.com/news/middle-east/1.556403
[4] Ver:
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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.
Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/
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