EUA interromperão ajuda monetária e militar ao Egito

Desde a segunda metade da década de 1970, a ajuda monetária norte-americana ao Egito tem sido uma das grandes bases da sua economia, que está enfraquecida desde janeiro de 2011, quando tiveram início as manifestações que culminaram na Primavera Árabe Egípcia.

Bandeiras do Egito e dos EUA levadas em passeata de suporte à deposição de Mubarak em Seattle, 2011.

Bandeiras do Egito e dos EUA levadas em passeata de suporte à deposição de Mubarak em Seattle, 2011.

A instabilidade política, que está levando à perda do apoio estadunidense, vem interferindo fortemente em várias setores da economia e isto será agravado com este anunciado possível cancelamento de aportes do Estados Unidos (EUA), já que eles colaboram economicamente com Egito em diversas áreas, desde a militar até a educativa. Além disso a instabilidade política está afetando outro grande pilar da renda egípcia, o turismo, pois o número de turistas continua a cair com o aumento da violência entre o governo militar e seus opositores.

Foi nesta última quarta-feira que o Governo norte-americano divulgou que irá reter a assistência militar em sistemas de grande escala, bem como parte do auxílio monetário que é fornecido. O anúncio ocorreu após mais um embate entre as Forças Armadas egípcias e opositores islamitas no domingo, que deixou mais de 55 pessoas mortas.

Dentre os equipamentos militares que deixarão de ser enviados estão helicópteros Apache, mísseis Harpoon e peças de tanques. O governo de Barack Obama também pretende interromper a transferência de 260 milhões de dólares em dinheiro e uma garantia de empréstimo no valor de 300 milhões de dólares.

O Departamento de Estado norte-americano afirmou que irá continuar a fornecer suporte na saúde, na educação e para atividades contraterroristas na Península do Sinai. Segundo a porta-voz Jen Psaki, o Estados Unidos Irão continuar a reter a ajuda que realizava antes da queda de Mohamed Morsi, em julho deste ano (2013), devido a falta de um progresso digno de confiança de que o Egito estaria caminhando em direção a um governo inclusivo e eleito democraticamente através de eleições livres.

Desde a queda do ex-presidente Morsi pelas Forças Armadas, o governo Obama não tem sido claro em relação aos acontecimentos no Egito. Tendo até 2011 um aliado no Oriente Médio sob a longa presidência de Hosni Mubarak, o norte-americanos não foram objetivos a respeito de seu posicionamento quanto aos fatos ocorridos desde então.

Quando Morsi foi eleito, houve uma preocupação consistente em relação à Irmandade Muçulmana no poder, porém Washington não se atreveu a apoiar o golpe militar contra o primeiro presidente escolhido democraticamente no país. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o congelamento da ajuda fornecida não pretende ser permanente, mas temporário. O objetivo principal seria incentivar o governo a adotar medidas para eleições democráticas.

Contrapondo-se à falta de clareza do posicionamento norte-americano frente à queda de Morsi, no entanto, Estados do Golfo pérsico se colocaram imediatamente a favor do golpe contra a Irmandade Muçulmana. A Arábia Saudita, por exemplo, afirmou que passará a fornecer auxílio ao governo egípcio, caso o Estados Unidos retirem seu apoio.

A questão entre Washington e Cairo vai muito além da área econômica, representando uma enorme instabilidade e incerteza para a longa aliança entre os governos norte-americano e egípcio.

Ressalte-se ainda que Mohamed Morsi continua mantido em local secreto desde sua deposição da Presidência em julho deste ano (2013). O Ex-Presidente será julgado no próximo dia 4 de novembro, segundo a mídia estatal do Egito, sob acusações de incitar assassinato e violência. As acusações se referem à morte de pelo menos sete pessoas durante confrontos entre adeptos da Irmandade Muçulmana e opositores que protestavam no ano passado em frente ao palácio presidencial no Cairo.

Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Tags:

Ainda não há comentários.

Deixe uma resposta

Você deve ser logado to post a comment.