Desde março de 2011, que marcou o início das manifestações pela deposição do atual presidente Bashar al-Assad, a Síria adentrou em uma grave situação de “Guerra Civil”. Com grupos divergentes e o governo que ainda se mantém no poder lutando contra a oposição, o país tornou-se um local perigoso e sangrento para seus habitantes. Até o momento, mais de 1,7 milhões de pessoas foram registradas como refugiadas, acreditando-se que os números não documentados sejam ainda maiores[1].
Os refugiados se dirigem para uma série de países. Os que mais receberam pessoas fugindo da violência até o momento são o Líbano, a Jordânia e a Turquia.Na Jordânia, a aproximadamente 12 km da fronteira síria, foi construído o segundo maior campo de refugiados, o “Zaatari”. O campo de“Zaatari” existe há pouco mais de um ano e atualmente representa a quarta maior cidade jordaniana.
Ele recebe cerca de duas mil pessoas todos os dias, contendo 30 mil abrigos, três hospitais, algumas escolas e todo um setor de serviços. A vida no campo, no entanto, é bastante difícil, sendo a segurança o maior problema. As mulheres são um dos principais alvos de violência e a condição social é muito baixa. “Zaatari” é mantido por uma parceria entre o governo jordaniano e a “Agência das Nações Unidas para Refugiados” (ACNUR)[2].
Fora de campos, nas cidades dos países que os abrigam, os refugiados da Síria encontram outras dificuldades. Uma das crescentes tem sido a tensão com os moradores locais. Trabalhadores na Jordânia e no Líbano reclamam que estão perdendo seus empregos, já que os sírios foragidos aceitam trabalhar por muito menos. Outra contestação é que estão sendo despejados de apartamentos, uma vez que grupos de refugiados da Síria se organizam para morar em conjunto, podendo juntar um valor maior para o aluguel do que uma única família local[3].
No Líbano, ainda, está crescendo o trabalho infantil de crianças sírias. Segundo a diretora local do “Fundo das Nações Unidas para a Infância” (UNICEF), Maria Calivis, é um fenômeno preocupante, já que o número de refugiados cresce altamente e as pessoas que chegam estão cada vez mais destituídas. Além do trabalho de crianças nas cidades como Beirute, de engraxates ou vendedores, no campo elas são contratadas em grupos e as funções são altamente perigosas. Elas utilizam facas e outros instrumentos de colheita, além de serem mal tratadas por inspetores[4].
Esta semana, ainda, a “Anistia Internacional” afirmou que no Egito as autoridades estão mantendo centenas de refugiados sírios em condições deploráveis, dentre eles crianças pequenas. De acordo com a “Anistia Internacional”, algumas destas pessoas estão sendo acusadas de apoiarem a “Irmandade Muçulmana” e agirem como cúmplices em atos políticos violentos no país. Segundo Sherif Elsaed Ali, chefe de direitos de refugiados e migrantes da “Anistia Internacional”, o governo egípcio tem a obrigação de oferecer proteção a qualquer indivíduo foragido do conflito na Síria em busca de um local seguro, mas, no momento, o país está descumprindo enormemente com seus deveres internacionais de proteção de refugiados. Ao invés de oferecer ajuda vital e apoio, as autoridades do Egito estão prendendo e deportando os refugiados sírios. Até o momento, o governo egípcio não respondeu às acusações[5].
A “Organização das Nações Unidas” (ONU) estima que mais de oito milhões de pessoas serão forçadas a sair de suas casas na Síria até o final de 2014 e o número de refugiados do país pode chegar a mais de cinco milhões.
——————————
Imagem (Fonte):
http://www.bbc.co.uk/news/world-24229079
——————————
Fontes consultadas:
[1] Ver:
http://data.unhcr.org/syrianrefugees/regional.php
[2] Ver:
http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-23801200
[3] Ver:
http://www.bbc.co.uk/news/world-23813975
[4] Ver:
http://unicef.tumblr.com/page/2
[5] Ver:
http://www.egyptindependent.com/news/amnesty-international-egypt-detains-hundreds-syrian-refugees
[6] Ver:
———————
Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.
Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/
Ainda não há comentários.