Um boato comum na política americana afirma que eleitores judeus costumam apoiar candidatos que demonstram posições mais alinhadas ao governo israelense.
Com base nessa narrativa, nas últimas eleições, magnatas como Sheldon Adelson e grupos como o RJC (Coalizão Judaica Republicana) gastaram dezenas de milhões de dólares em campanhas para influenciar o eleitorado judaico a votar contra Barack Obama.
Há duas semanas, porém, judeus americanos quebraram esse mito mais uma vez: pesquisa feita pelo J Street mostrou que 70% dos judeus americanos votaram em Obama, porcentagem alinhada à tendência histórica de apoio a candidatos do Partido Democrata.
Segundo a pesquisa, 27% dos judeus da Flórida alegaram, inclusive, que a campanha anti-Obama os tornou mais propensos a votar nele do que o contrário, e 63% disseram que ela não fez diferença alguma.
Campanhas como esta, que tentam influenciar o voto judaico através de argumentos relacionados ao Estado de Israel não costumam funcionar, pois a grande maioria (90%) dos eleitores judeus prioriza questões internas como economia, saúde e segurança social na hora de decidir seu voto.
Além disso, quando o assunto é Israel, judeus americanos apresentam posições moderadas: 73% apoiam o tratamento que Obama dá ao conflito Israel-Palestina, e 82% defendem uma solução de dois Estados.
Essas informações são muito relevantes quando se leva em consideração a importância dos EUA numa possível resolução do conflito Israel-Palestina – 81% dos judeus americanos apoiam uma participação ativa dos EUA na mesma. Para que isto aconteça, porém, políticos americanos precisam deixar de lado os boatos acerca do voto judaico e empregar suas forças na construção de uma resolução pacífica e diplomática.