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Itzhak Rabin (1922, 1995)

Quando falamos de Itzhak Rabin, falamos da história de Israel, pois sua vida, que durou 73 anos, está totalmente conectada com a os caminhos trilhados pelo país. Como todo israelense, sua ligação com a vida pública começou durante o serviço militar; no seu caso, em 1941, quando se juntou ao Palmach. A partir daí, seus desejos, sua pró-atividade e suas ordens passam a influenciar diretamente o futuro Estado de Israel.

Qual sentido de nos reunimos para lembrar a vida de Rabin no dia da sua morte? Fazemos isso com Rabin e com todos aqueles que prestamos homenagens, pois no aniversario de nascimento, a identidade e o caráter da pessoa ainda não estava formado; é apenas após toda sua vida que podemos ter certeza sobre qual pessoa iremos homenagear.

Prestamos essa homenagem a Rabin porque podemos analisar toda sua vida, sua atitude em diversas situações, sua identidade flexível e seu caráter irrepreensível. Não analisamos apenas sua conduta no Palmach, nem apenas sua conduta como ministro do trabalho; muito menos podemos pinçar seu primeiro ou segundo mandato como primeiro ministro; contudo, ao olhar para o conjunto de interferências da sua vida com o Estado de Israel, temos a certeza de homenagear um grande líder, que não é admirado somente por nós, mas por todo o mundo. Como exemplo, trouxe trechos de alguns discursos sobre Rabin, declamados por líderes árabes e israelenses.

Ezer Weizmann, presidente de Israel de 1993 a 2000, falou:

“Representatividades de 80 países, reis, chefes de Estado e ministros do mundo todo vieram hoje prestar respeito a Itzchak Rabin. (…) Eles vieram, primeiro e antes de tudo, para honrar Rabin, mas tenho a certeza que ele gostaria de saber, e que ele sabe, que também estão para honrar o Estado de Israel. O Estado de Israel que mudou, e ainda tem um longo caminho pela frente, mas um Estado de Israel que hoje tem maior aspiração pela paz do que pela guerra”.

Hosni Mubarak, presidente do Egito entre 1981 e 2011, falou:

“Seus sinceros esforços para alcançar a paz no Oriente Médio, são testemunhas de sua visão, que nós compartilhamos, com objetivo de acabar com o sofrimento de todos os povos da região”.

Shimon Peres, em seu discurso, ressaltou:

“Ser um capitão não é uma tarefa fácil. Sinceridade era sua segunda característica nata; responsabilidade, sua primeira. Essas duas qualidades fizeram de você, Rabin, um raro líder, capaz de mover montanhas, de designar um objetivo e alcança-lo. (…) Na sexta feira anterior ao sábado de sua morte, você me chamou para ressaltar a dificuldade do caminho que tinha pela frente, mas falou na obrigação que temos com a paz”.

O Rei Hussein, da Jordânia, disse para que Rabin “viveu como soldado”. Ainda segundo ele,

“Você, Rabin, morreu como um soldado pela paz, e eu acredito que chegamos no tempo em que devemos abertamente lutar pela paz”.

Por fim, cito Yasser Arafat, que em seu discurso ao ganhar o Prêmio Nobel da Paz, afirmou:

“Tenho certeza que esse prêmio não foi concedido a mim e aos meus parceiros Sr. Yitzhak Rabin, o primeiro-ministro israelense, e Sr. Shimon Peres, o ministro das Relações Exteriores, para coroar uma conquista, mas como um encorajamento a prosseguir um caminho com passos maiores e mais profundos de sensibilização, com intenções mais verdadeiras para que possamos transformar a opção de paz, a paz dos bravos, a partir de palavras em prática e realidade e para que sejamos dignos de carregar encaminhar a mensagem que nos foi confiada pelos nossos povos, bem como a humanidade, e um dever moral universal”.

Erdogan aconselha Hamas a não se aproximar do Egito ou do Fatah

Segundo o jornal israelense Haaretz, o jornal egípcio Al-Ahram teria reportado na última segunda-feira (21 de outubro)que o Primeiro-Ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, aconselhou o Hamas a não apresentar claras intenções em relação ao governo egípcio ou a uma reconciliação com o Fatah, partido palestino no governo da Cisjordânia. Segundo o Haaretz, o relato foi baseado em fontes palestinas[1].

Turkey's Prime Minister and leader of ruling Justice and Development Party Erdogan welcomes his guest Hamas leader Meshaal during the AKP congress in Ankara

Ismail Haniyeh (Primeiro-Ministro palestino em Gaza) e Erdogan teriam conversado ao telefone na noite da sexta-feira da semana passada, dia 18, véspera do aniversário em que o soldado israelense mantido em cativeiro pelo Hamas, Gilad Shalit, foi trocado por 1.021 prisioneiros palestinos mantidos em cadeias israelenses. Na ocasião, estava marcado um discurso público de Haniyeh. Segundo o jornal Haaretz, os dois governantes conversaram sobre o conteúdo do discurso e Erdogan teria persuadido o “Primeiro-Ministro do Hamas” a realizar algumas modificações relacionadas à reconciliação com o Fatah e o reconhecimento do atual governo do Egito. Esta última medida implicaria em tensão com a “Irmandade Muçulmana”.

De fato, em seu discurso no sábado, Haniyeh falou do Fatah e do Egito em termos gerais, sem tocar em detalhes ou planejamentos. Ele mencionou a necessidade de terminar as divisões internas na sociedade palestina para confrontar com mais eficácia os perigos das negociações com Israel. Mas não forneceu nenhum indicador de como esta reconciliação deveria ser efetuada. Em relação ao Egito, Haniyeh havia demonstrado anteriormente a intenção de acalmar a situação entre o país e o Hamas, que se encontra bastante tensa. Mas, em seu discurso, no entanto, declarou apenas que não se envolveria em assuntos políticos internos do governo egípcio[2]. 

Partido da Justiça e Desenvolvimento” (AKP) da Turquia, do qual Erdogan está à frente, negou na última quarta feira (dia 23) qualquer conversa ou influência sobre o Hamas para o website Al Monitor”. Segundo a AKP, o governo israelense está por trás da publicação, com intenções de prejudicar a Turquia e o Hamas.

O partido de Erdogan se surpreendeu pela citação do jornal egípcio “Al-Ahram” e disse que seria pouco provável o envolvimento do Egito em uma campanha contra a Turquia.As relações entre Ancara e o Cairo se desgastaram em grande escala após o golpe militar que depôs o ex-presidente Mohamed Morsi do poder no Egito[3].

Ainda de acordo com o “Al Monitor”, fontes superiores na embaixada da Palestina em Ancara afirmaram que suas investigações não encontraram nada que confirme as informações do artigo publicado no Haaretz.

A aproximação entre o Hamas e o governo de Erdogan na Turquia tem se tornado visível e crescente nos últimos meses e ficou bastante clara com a visita de Khaled Meshal, líder político do Hamas, à capital turca no começo de outubro. A visita foi entendida por analistas como uma tentativa de amenizar o isolamento no qual se encontra o partido palestino que governa a “Faixa de Gaza”.

Desde que Mohamed Morsi, da “Irmandade Muçulmana”, foi deposto no Egito, oHamas encontra sérias dificuldades. Além de ter sido acusado de colaborar com a oposição do atual governo egípcio, os túneis que levam suprimentos do Sinai paraGaza estão sendo destruídos pelas “Forças Armadas” egípcias e a fronteira entre as duas regiões é fechada constantemente. Além disso, no momento, o Hamas encontra uma deterioração em seus laços com seus apoiadores regionais como a Síria, oHezbollah e o Irã, enfrentando um significativo declínio econômico[4]. 

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Foto (Fonte):

http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/02/hamas-leader-khaled-meshaal-secret-turkey-visit.html

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://www.haaretz.com/news/middle-east/.premium-1.553634#

[2] Ver:

http://uk.reuters.com/article/2013/10/19/uk-palestinians-hamas-idUKBRE99I04V20131019

[3] Ver:

http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2013/10/turkey-defends-hamas.html

[4] Ver:

http://www.jpost.com/Diplomacy-and-Politics/Turkish-PM-Erdogan-hosts-increasingly-isolated-Hamas-leader-Mashaal-in-Ankara-328176

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Refugiados da Guerra na Síria: número crescente e condições alarmantes

Desde março de 2011, que marcou o início das manifestações pela deposição do atual presidente Bashar al-Assad, a Síria adentrou em uma grave situação de “Guerra Civil”. Com grupos divergentes e o governo que ainda se mantém no poder lutando contra a oposição, o país tornou-se um local perigoso e sangrento para seus habitantes. Até o momento, mais de 1,7 milhões de pessoas foram registradas como refugiadas, acreditando-se que os números não documentados sejam ainda maiores[1].

5Os refugiados se dirigem para uma série de países. Os que mais receberam pessoas fugindo da violência até o momento são o Líbano, a Jordânia e a Turquia.Na Jordânia, a aproximadamente 12 km da fronteira síria, foi construído o segundo maior campo de refugiados, o Zaatari”. O campo deZaatari existe há pouco mais de um ano e atualmente representa a quarta maior cidade jordaniana.

Ele recebe cerca de duas mil pessoas todos os dias, contendo 30 mil abrigos, três hospitais, algumas escolas e todo um setor de serviços. A vida no campo, no entanto, é bastante difícil, sendo a segurança o maior problema. As mulheres são um dos principais alvos de violência e a condição social é muito baixa. “Zaatari” é mantido por uma parceria entre o governo jordaniano e a “Agência das Nações Unidas para Refugiados” (ACNUR)[2].

Fora de campos, nas cidades dos países que os abrigam, os refugiados da Síria encontram outras dificuldades. Uma das crescentes tem sido a tensão com os moradores locais. Trabalhadores na Jordânia e no Líbano reclamam que estão perdendo seus empregos, já que os sírios foragidos aceitam trabalhar por muito menos. Outra contestação é que estão sendo despejados de apartamentos, uma vez que grupos de refugiados da Síria se organizam para morar em conjunto, podendo juntar um valor maior para o aluguel do que uma única família local[3].

No Líbano, ainda, está crescendo o trabalho infantil de crianças sírias. Segundo a diretora local do “Fundo das Nações Unidas para a Infância” (UNICEF), Maria Calivis, é um fenômeno preocupante, já que o número de refugiados cresce altamente e as pessoas que chegam estão cada vez mais destituídas. Além do trabalho de crianças nas cidades como Beirute, de engraxates ou vendedores, no campo elas são contratadas em grupos e as funções são altamente perigosas. Elas utilizam facas e outros instrumentos de colheita, além de serem mal tratadas por inspetores[4].

Esta semana, ainda, Anistia Internacional afirmou que no Egito as autoridades estão mantendo centenas de refugiados sírios em condições deploráveis, dentre eles crianças pequenas. De acordo com a “Anistia Internacional”, algumas destas pessoas estão sendo acusadas de apoiarem a “Irmandade Muçulmana” e agirem como cúmplices em atos políticos violentos no país. Segundo Sherif Elsaed Ali, chefe de direitos de refugiados e migrantes da “Anistia Internacional”, o governo egípcio tem a obrigação de oferecer proteção a qualquer indivíduo foragido do conflito na Síria em busca de um local seguro, mas, no momento, o país está descumprindo enormemente com seus deveres internacionais de proteção de refugiados. Ao invés de oferecer ajuda vital e apoio, as autoridades do Egito estão prendendo e deportando os refugiados sírios. Até o momento, o governo egípcio não respondeu às acusações[5].

A “Organização das Nações Unidas” (ONUestima que mais de oito milhões de pessoas serão forçadas a sair de suas casas na Síria até o final de 2014 e o número de refugiados do país pode chegar a mais de cinco milhões.

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Imagem (Fonte):

http://www.bbc.co.uk/news/world-24229079

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Fontes consultadas:

[1] Ver:

http://data.unhcr.org/syrianrefugees/regional.php

[2] Ver:

http://www.bbc.co.uk/news/world-middle-east-23801200 

[3] Ver:

http://www.bbc.co.uk/news/world-23813975 

[4] Ver:

http://unicef.tumblr.com/page/2 

[5] Ver:

http://www.egyptindependent.com/news/amnesty-international-egypt-detains-hundreds-syrian-refugees 

[6] Ver:

http://worldnews.nbcnews.com/_news/2013/10/07/20855751-un-more-than-5-million-syrian-refugees-by-end-of-2014

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Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Produções israelenses e palestinas na 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

37 mostra web grandeDe 18 a 31 de oututro, ocorre em São Paulo a 37ª edição da Mostra Internacional de Cinema. Criada em 1977, a mostra surgiu como um evento do departamento de cinema do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em comemoração aos 30 anos da fundação do museu.

Em 2013, a mostra ocupará mais de 20 espaços da cidade de São Paulo, entre cinemas, espaços culturais e museus. Ao todo, serão apresentados cerca de 350 títulos dos mais diversos gêneros e países. Dentre os filmes exibidos, inúmeras produções israelenses e palestinas integram a programação. Confira!

ANA ARABIA / ANA ARABIA

2013 ● França, Israel ● color ● digital ● 85 min. ● Ficção
Direção: AMOS GITAI

Filmado em um único plano-sequência de 81 minutos, o filme mostra a vida de uma pequena comunidade de exilados, judeus e árabes, que coabitam um enclave esquecido na “fronteira” entre Jaffa e Bat Yam, em Israel. Um dia, Yael, uma jovem jornalista, os visita. Entre as barracas em ruínas, no pomar cheio de limoeiros, rodeado por várias casas, ela descobre uma série de personagens que não correspondem aos clichês da região. Yael se entusiasma com a descoberta de tal fonte de riqueza humana e se esquece do trabalho. As expressões e palavras de Youssef e Miriam, Sarah e Walid, de seus vizinhos e amigos, lhe dizem algo sobre a vida, seus sonhos e esperanças, casos amorosos, desejos e desilusões. Ali, a relação dos moradores com o tempo é diferente daquela na cidade que os rodeia. Nesse lugar frágil e fragmentado, existe uma chance de coexistência.

Datas e locais
19/10 (sábado) – 18:20 – Reserva Cultural 1
28/10 (segunda) – 19:40 – Cine Livraria Cultura 1
29/10 (terça) – 15:50 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 4
30/10 (quarta) – 14:00 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 5
31/10 (quinta) – 19:00 – CINUSP – Mindlin

ARQUITETURA EM ISRAEL – (CONVERSAS COM AMOS GITAI) /
ARCHITECTURE IN ISRAEL (CONVERSATIONS WITH AMOS GITAI)

2012 ● Israel ● cor & PB ● digital ● 371 min. ● Documentário
Direção: AMOS GITAI

Quem assistiu ao episódio Modernidade, do longa coletivo Bem-vindo a São Paulo (2004), produzido pela Mostra, percebeu a sensibilidade de Amos Gitai para com a arquitetura. A partir dos corredores sombrios do hotel Holiday Inn Anhembi, à beira da Marginal Tietê em um dia cinza, o cineasta ensaia fazer um filme-síntese sobre a cidade. Filme que, no entanto, não chega a editar, talvez pela sua falta de tempo, talvez porque a cidade não comporte uma síntese. Mas a náusea que percorre o seu curta-metragem inacabado sobre São Paulo, rodado dentro do saguão de um aeroporto, é o avesso da paixão que vemos na série Arquitetura em Israel. Entrevistando um conjunto expressivo de arquitetos, escritores, historiadores e políticos israelenses, Gitai aborda temas variados, ligados sobretudo à construção residencial no país.

Filho de Munio Gitai Weinraub, arquiteto alemão que estudou na Bauhaus e trabalhou com Mies van der Rohe, colaborando decisivamente para a importação da arquitetura racionalista europeia para Israel antes mesmo da sua criação, em 1948, Amos se graduou arquiteto em Haifa e se doutorou na Universidade da California, Berkeley, também em arquitetura. Lá, estudou com Christopher Alexander, matemático que se tornou urbanista, incorporando a linguagem dos padrões como uma sintaxe para a arquitetura. Alexander inaugurou práticas participativas de projeto e construção não apenas no campo da arquitetura, mas também do urbanismo, apontando para caminhos distintos do planejamento moderno. Esse assunto é trazido à tona de forma interessante no episódio Construir e destruir, em que o cineasta entrevista o arquiteto Israel Godovich, que como Ministro da Habitação nos anos 1970 inaugurou práticas colaborativas de construção para os conjuntos de moradia social em Israel.

Os programas atravessam temáticas não apenas eruditas, mas também cotidianas, como a vida no bairro yemenita de Jerusalém (Bukharan). Em A cidade branca, Gitai conversa com Micha Levine, discutindo o imenso patrimônio de arquitetura modernista à la Bauhaus presente na cidade de Tel Aviv. O que está em questão é a própria construção do estado de Israel, sua história e identidade, além de um tema edipiano para o cineasta-arquiteto. Informado e inteligente, Gitai consegue levar as conversas para campos não convencionais, favorecendo uma reflexão aberta sobre esses processos. Preocupado tanto com a instância do projeto quanto com a dimensão do uso dos espaços arquitetônicos e urbanos, Gitai propõe pensamentos que se afinam muito ao projeto curatorial da X Bienal de Arquitetura, que tem como tema Cidade: modos de fazer, modos de usar.

Arquitetura em Israel web grande

Datas e locais
27/10/2013 (domingo) – 14h – Centro Cultural São Paulo sala Lima Barreto
31/10/2013 (quinta) – 16h – Cinusp

 CARACOIS NA CHUVA / SHABLULIM BAGESHEM

2013 ● Espanha, Israel ● color ● digital ● 82 min. ● Ficção
Direção: YARIV MOZER

O ano é 1989, quando as pessoas ainda esperavam ao lado de suas caixas de correio. Boaz é um belo estudante de 25 anos que estuda linguística e vive com sua namorada Noa em Tel Aviv. Um dia, ele começa a receber cartas de amor anônimas e obsessivas de um admirador ainda “no armário”. Apesar de achar engraçado no começo, ele logo nota que o escritor aparenta ser alguém que sabe muito sobre sua vida pessoal. Todos os homens que cruzam seu caminho diariamente viram suspeitos, e Boaz logo também começa a questionar sua própria heterossexualidade.

Datas e locais
25/10 (sexta) – 20:10 – Espaço Itau de Cinema – Augusta 1
27/10 (domingo) – 17:05 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 2
29/10 (terça) – 16:00 – Cine Livraria Cultura 2
30/10 (quarta) – 16:00 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 4

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NOITES SEM DORMIR / LAYALI BALA NOOM

2012 ● Catar, Emirados Árabes, França, Líbano, Palestina ● color ● digital ● 128 min. ● Documentário
Direção: ELIANE RAHEB

Através das histórias de Assaad Shaftari, oficial superior de alta distinção de uma milícia cristã de direita responsável por várias mortes na Guerra Civil do Líbano, e Marayam Saiidi, a mãe de Maher Kassir, jovem guerrilheira comunista que desapareceu em 1982, o filme examina as feridas da guerra e questiona se a redenção e o perdão são possíveis.

Datas e locais
22/10 (terça) – 19:00 – Cine Livraria Cultura 1
23/10 (quarta) – 17:25 – Reserva Cultural 1
27/10 (domingo) – 20:15 – Matilha Cultural
28/10 (segunda) – 14:00 – Reserva Cultural 1

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O ESTRANHO CURSO DOS EVENTOS / A STRANGE COURSE OF EVENTS

2013 ● França, Israel ● color ● digital ● 98 min. ● Ficção
Direção: RAPHAËL NADJARI

Saul está na casa dos 40 anos e é um melancólico sonhador, com uma tendência para fugir sempre que as coisas dão errado. Ele volta para Haifa um dia para um acerto de contas com seu pai, que ele não vê há cinco anos. Mas conviver com uma sogra com tendências new age, uma filha no começo da adolescência e um pai que se converteu para a yoga não é algo fácil. Depois de um deslize fatal, Saul vai encontrar o seu lugar como filho, pai e muito mais.

O Estranho curso dos eventos web grande

Datas e locais
20/10 (domingo) – 16:00 – Cine Sabesp
24/10 (quinta) – 19:50 – Espaço Itau de Cinema – Augusta 1
29/10 (terça) – 18:45 – Cine Livraria Cultura 1
31/10 (quinta) – 16:20 – Cinemateca – Sala BNDES

O JARDINEIRO / BAGHEBAN

2012 ● Irã, Israel, Reino Unido ● color & PB ● digital ● 87 min. ● Documentário
Diretor: MOHSEN MAKHMALBAF

Um cineasta iraniano e seu filho viajam a Israel para investigar uma religião mundial com cerca de 7 milhões de seguidores, criada no Irã há aproximadamente 170 anos. Jovens de todo o mundo vão a Haifa, centro da religião, para fazer trabalhos voluntários. Aqueles que trabalham nos jardins ao redor dos palácios sagrados desenvolvem atitudes pacíficas através de sua interação com a natureza. Enquanto acompanha um jardineiro de Papua Nova Guiné, o pai descobre semelhanças entre os ensinamentos dessa religião, nascida no Irã, e as ideias propagadas por líderes como Mandela e Gandhi. Ele debate suas ideias com o filho, que acredita que todas as religiões provocam a destruição. Como não concordam, pai e filho se separam e passam a perseguir seus próprios caminhos.

O Jardineiro web grande

Datas e locais
24/10 (quinta) – 19:00 – Cine Livraria Cultura 1

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OMAR / OMAR

2013 ● Palestina ● color ● digital ● 94 min. ● Ficção
Diretor: HANY ABU-ASSAD

Omar está acostumado a se esquivar dos tiros da vigilância para atravessar o muro que separa Israel e Palestina para visitar seu amor secreto, Nadia. Mas a Palestina ocupada não conhece nem o amor simples, nem a guerra claramente estabelecida. Do outro lado do muro, o sensível e jovem padeiro Omar se torna um combatente pela liberdade que deve enfrentar escolhas dolorosas sobre a vida. Quando Omar é capturado após resistir e quase ser morto, ele entra num jogo de gato e rato com a polícia militar.

Datas e locais
21/10 (segunda) – 19:00 – Cinemark – Shopping Cidade Jardim 6
22/10 (terça) – 16:50 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 2
30/10 (quarta) – 19:10 – Cinemateca – Sala BNDES

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SOMENTE EM NOVA YORK / ONLY IN NEW YORK

2013 ● EUA, Israel, Jordania ● color ● digital ● 86 min. ● Ficção
Diretor: BANDAR ALBULIWI, GHAZI ALBULIWI

Louco para encontrar uma companhia, um jovem palestino-americano solitário concorda em se casar com uma israelense que precisa de um green card. Eles se veem então forçados a repensar suas respectivas tradições culturais e familiares.

Somente em Nova York web grande

Datas e locais
18/10 (sexta) – 19:40 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 3
19/10 (sábado) – 17:50 – Cine Livraria Cultura 1
20/10 (domingo) – 14:00 – Cinemateca – Sala BNDES
21/10 (segunda) – 13:00 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 1

VICTOR YOUNG PEREZ / VICTOR YOUNG PEREZ

2013 ● Bulgária, França, Israel ● color ● digital ● 110 min. ● Ficção
Diretor: JACQUES OVANICHE

Victor Perez, um boxeador judeu nascido na Tunísia, começa a treinar aos 14 anos, junto com seu irmão Benjamin “Kid” Perez. Eles se mudam para Paris graças à ajuda de Leon Bellier, proeminente empresário que o lança ao sucesso. No país, ele conquista o cinturão da União Internacional de Boxe e torna-se o mais jovem campeão de boxe da história. Mas na cidade ocupada pelos alemães, Perez é preso em 1943 e levado à Auschwitz, onde reencontra o irmão. No campo, é forçado a participar de lutas para entreter os nazistas. Baseado na história do homem que, segundo a lenda, participou de 140 lutas em 15 meses – e venceu 139 delas.

Datas e locais
18/10 (sexta) – 19:45 – Espaço Itau de Cinema – Augusta 1
20/10 (domingo) – 21:15 – Cine Livraria Cultura 1
21/10 (segunda) – 21:30 – Espaço Itau de Cinema – Frei Caneca 3
22/10 (terça) – 21:30 – Espaço Itau de Cinema – Pompeia 1
25/10 (sexta) – 17:50 – Cine Livraria Cultura 1

Veja aqui a programação completa da 37ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

EUA interromperão ajuda monetária e militar ao Egito

Desde a segunda metade da década de 1970, a ajuda monetária norte-americana ao Egito tem sido uma das grandes bases da sua economia, que está enfraquecida desde janeiro de 2011, quando tiveram início as manifestações que culminaram na Primavera Árabe Egípcia.

Bandeiras do Egito e dos EUA levadas em passeata de suporte à deposição de Mubarak em Seattle, 2011.

Bandeiras do Egito e dos EUA levadas em passeata de suporte à deposição de Mubarak em Seattle, 2011.

A instabilidade política, que está levando à perda do apoio estadunidense, vem interferindo fortemente em várias setores da economia e isto será agravado com este anunciado possível cancelamento de aportes do Estados Unidos (EUA), já que eles colaboram economicamente com Egito em diversas áreas, desde a militar até a educativa. Além disso a instabilidade política está afetando outro grande pilar da renda egípcia, o turismo, pois o número de turistas continua a cair com o aumento da violência entre o governo militar e seus opositores.

Foi nesta última quarta-feira que o Governo norte-americano divulgou que irá reter a assistência militar em sistemas de grande escala, bem como parte do auxílio monetário que é fornecido. O anúncio ocorreu após mais um embate entre as Forças Armadas egípcias e opositores islamitas no domingo, que deixou mais de 55 pessoas mortas.

Dentre os equipamentos militares que deixarão de ser enviados estão helicópteros Apache, mísseis Harpoon e peças de tanques. O governo de Barack Obama também pretende interromper a transferência de 260 milhões de dólares em dinheiro e uma garantia de empréstimo no valor de 300 milhões de dólares.

O Departamento de Estado norte-americano afirmou que irá continuar a fornecer suporte na saúde, na educação e para atividades contraterroristas na Península do Sinai. Segundo a porta-voz Jen Psaki, o Estados Unidos Irão continuar a reter a ajuda que realizava antes da queda de Mohamed Morsi, em julho deste ano (2013), devido a falta de um progresso digno de confiança de que o Egito estaria caminhando em direção a um governo inclusivo e eleito democraticamente através de eleições livres.

Desde a queda do ex-presidente Morsi pelas Forças Armadas, o governo Obama não tem sido claro em relação aos acontecimentos no Egito. Tendo até 2011 um aliado no Oriente Médio sob a longa presidência de Hosni Mubarak, o norte-americanos não foram objetivos a respeito de seu posicionamento quanto aos fatos ocorridos desde então.

Quando Morsi foi eleito, houve uma preocupação consistente em relação à Irmandade Muçulmana no poder, porém Washington não se atreveu a apoiar o golpe militar contra o primeiro presidente escolhido democraticamente no país. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, o congelamento da ajuda fornecida não pretende ser permanente, mas temporário. O objetivo principal seria incentivar o governo a adotar medidas para eleições democráticas.

Contrapondo-se à falta de clareza do posicionamento norte-americano frente à queda de Morsi, no entanto, Estados do Golfo pérsico se colocaram imediatamente a favor do golpe contra a Irmandade Muçulmana. A Arábia Saudita, por exemplo, afirmou que passará a fornecer auxílio ao governo egípcio, caso o Estados Unidos retirem seu apoio.

A questão entre Washington e Cairo vai muito além da área econômica, representando uma enorme instabilidade e incerteza para a longa aliança entre os governos norte-americano e egípcio.

Ressalte-se ainda que Mohamed Morsi continua mantido em local secreto desde sua deposição da Presidência em julho deste ano (2013). O Ex-Presidente será julgado no próximo dia 4 de novembro, segundo a mídia estatal do Egito, sob acusações de incitar assassinato e violência. As acusações se referem à morte de pelo menos sete pessoas durante confrontos entre adeptos da Irmandade Muçulmana e opositores que protestavam no ano passado em frente ao palácio presidencial no Cairo.

Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Cavalinho

em memória de Gerd Weinberg

Um brasileiro diz:
– Ô alemão!
O meu avô era alemão.
Ele tinha um irmão mais novo.
– O irmão mais novo não existe.
O que existe é uma carta.

A capoeira diz:
– O que é que eu sou?
– Eu sou é brasileiro!
– O que é que eu sou?
Alemão?
Eu, criança, andando na rua, e me chamaram de alemão.
Meu avô era alemão judeu.
– Alemão judeu não existe.
O que existe é um refugiado.

O sonho diz:
– O irmão mais novo sozinho perdido em meio a uma guerra.
As palavras do irmão do meu avô que chegaram até mim estão numa carta.
Aqui me chamam de Cavalinho, por causa da forma dos meus dentes.
– O Cavalinho não existe.
O que existe é uma ansiedade.

A carta diz:
– Pferdchen.
Já estou farto, isso tudo é uma merda.
O irmão do meu avô sozinho em uma Holanda ocupada pelos nazistas.
– Não existe.
O que existe é Sobibor.

Sobibor diz:
– A vida, Cavalinho, não existe.
O que existe é uma pedra pra se tropeçar.

 

Texto publicado originalmente no blog Algumas Coisa Escritas.

Egito ameaça atacar a Faixa de Gaza

Oficiais da Força de Segurança do Egito anunciaram na última quinta-feira, dia 26 de outubro, que o exército do país elaborou planos para atacar alvos na Faixa de Gaza. A ameaça de ataque é a primeira do tipo, após semanas de tensão entre Cairo e o Hamas, partido no poder na Faixa de Gaza. Na semana passada, o Ministro das Relações Exteriores egípcio, Nabil Fahmy, realizou uma declaração de que a situação entre Cairo e o Hamas era de tensão e seria possível haver respostas militares por parte do Egito.

 

Desta vez, fontes do Exército relataram à agência de notícias palestina, Ma’an, que os novos planos do país em relação à região incluem ataques a alvos específicos, além disso que as Forças Armadas já sobrevoaram o território em veículo aéreo não tripulado para fotografar uma série de pontos no local. Segundo os oficiais, os ataques serão realizados caso haja uma escalada de violência contra tropas egípcias no Sinai por grupos terroristas baseados no território palestino governado pelo Hamas.

As informações são de que o Exército do Egito planeja atacar somente grupos extremistas baseados em Gaza, considerado como hostis. Os oficiais procuraram deixar claro que não enxergam toda a população palestina sob o governo do Hamas como adversária.

O aviso por partes dos militares foi realizado depois de três soldados egípcios terem sido feridos com explosões ao norte da Península do Sinai, na manhã de terça, dia 1o de outubro. A tensão entre o Governo egípcio e o Hamas na “Faixa de Gaza” vem crescendo nas últimas semanas, com o aumento da violência entre exército e grupos islamitas na região.

A fonte que realizou o pronunciamento à agência Ma’an afirmou que o ataque realizado ao centro de inteligência localizado na cidade de Rafah, próxima a fronteira entre Egito e Gaza, foi realizado por organizações terroristas do próprio lugar. No ataque em questão, ocorrido há menos de um mês, duas explosões mataram dezessete pessoas e deixaram onze feridos, a maioria soldados.

Na quarta-feira passada, o comandante do Segundo Exército do Egito, general Ahmed Waasfi, declarou que a paciência das forças militares egípcias com osjihadistas da Faixa de Gaza está se esgotando[5]. Ao longo das últimas 48 horas o Exército egípcio intensificou suas operações ao norte do Sinai, com o objetivo de rastrear operações terroristas, além disso, os militares continuam demolindo túneis que ligam o país a cidades na Faixa de Gaza. Centenas já foram demolidos e a economia já precária das cidades palestinas localizadas na região começa a piorar ainda mais sem os contrabandos de produtos vindos do Egito.

Na semana passada, o Governo egípcio reabriu a passagem de Rafah, principal fronteira entre Egito e Gaza, que ficou fechada por aproximadamente uma semana e meia. A passagem é constantemente fechada e reaberta desde a deposição do ex-presidente Mohamed Morsi pelo Exército, no último dia 3 de julho, como resultado das acusações contra o Hamas, que estaria envolvido em ataques aos soldados egípcios no Sinai. O Hamas continua negando as acusações feitas pelo governo do Egito, afirmando que elas são uma tentativa de prejudicar sua imagem.

Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Tensão entre Cairo e Hamas

O “Ministro das Relações Exteriores” egípcio, Nabil Fahmy, disse ao jornal londrino “Al Hayat” que, no momento, há uma tensão entre o Cairo e o Hamas, partido que atualmente está no governo palestino da “Faixa de Gaza”. As “Forças Armadas do Egito” alegam que militantes do Hamas atuaram em conjunto com islamitas que apoiam a “Irmandade Muçulmana” ao norte do Sinai. A região vem sendo palco de violência crescente entre militares e ativistas em prol do presidente deposto, Mohamed Morsi.

Há duas semanas, a televisão estatal egípcia já havia acusado o Hamas de treinar militantes islamitas egípcios com técnicas de transporte de bombas. O Hamas negou o fato fortemente, alegando que esta era uma tentativa de demonizar o partido político.

Segundo Fahmy, se o governo egípcio sentir que há grupos no Hamas ou em qualquer outro partido tentando violar a segurança nacional do Egito, a resposta do Exército será severa. Ele não especificou de que forma tal resposta se colocaria, no entanto. O atual Ministro das Relações Exteriores egípcio recebeu o cargo após a derrubada de Morsi da presidência. Na entrevista ao “Al Hayat”, ele acrescentou: “Se o Hamas provar através de ações e não de palavras – e infelizmente há muitos indicadores negativos – suas boas intenções, então ele encontrará um partido egípcio que proteja o lado palestino”.

Grande parte da economia e da qualidade de vida da população de Gaza está atualmente diretamente conectada às relações com o Cairo. A região palestina sofre embargos econômicos fronteiriços estabelecidos por Israel e depende do contrabando de produtos realizado através de túneis conectados ao Sinai.

Desde julho, mês em que o ex-presidente Mohamed Morsi foi deposto pelo Exército com a pressão da população contra seu regime, as “Forças Armadas” egípcias já demoliram mais de 150 destes túneis, que ligam o país à “Faixa de Gaza”. O porta voz do Exército egípcio, Ahmed Ali, declarou que as operações são em prol da segurança do Egito e reafirmou a colaboração de grupos em Gaza aos militantes islamitas na região do Sinai. Ali assegurou que as operações não têm como objetivo estabelecer uma zona tampão, isolando Gaza, como acredita o Hamas.

O Hamas é por ideologia uma ramificação da “Irmandade Muçulmana”, e o posicionamento do governo egípcio na defensiva em relação ao grupo segue de acordo com a atuação interna do Exército, que vem combatendo os militantes que apoiam o grupo político em questão desde a queda de Morsi. O ex-presidente, deposto no último dia 3 de julho, está sendo investigado sob a acusação de conspirar com o Hamas quando escapou da prisão em 2011.

O próprio jornal “Al Hayat” afirmou em um artigo que os palestinos que vivem em Gaza estão sofrendo as consequências das escolhas do atual governo em relação à política com o Egito. Nabil Fahmy foi questionado se qualquer resposta armada em relação ao Hamas pode incluir o fechamento da fronteira de “Rafah”, entre o Sinai e Gaza. Em resposta, o “Ministro das Relações Exteriores do Egito” disse que as opções são de segurança militar e não opções que possam resultar no sofrimento da população civil palestina.

O Hamas segue negando as acusações egípcias. O vice-Ministro das Relações Exteriores da Faixa de Gaza, Ghazi Hamad, descreveu os comentários de Fahmy como perigosos e desnecessários. Hamad alegou, ainda, que a declaração fornecida ao Al Hayat contradizem a longa história do Egito em defesa do povo palestino.

Texto publicado originalmente no blog Oriente Médio Hoje.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://www.jornal.ceiri.com.br/author/carla/

Aula Aberta: “Perspectivas de Paz para Israelenses e Palestinos”

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José Ramos-Horta

Na próxima terça-feira, dia 1 de outubro, às 20h, o ex-presidente do Timor Leste e Prêmio Nobel da Paz (1996) José Ramos-Horta falará sobre o tema “Perspectivas de Paz para Israelenses e Palestinos” em aula aberta no Auditório do Departamento de História.

José Ramos-Horta é Representante Especial do Secretário-Geral da ONU e Chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS). Recentemente, esteve em Israel e nos territórios palestinos, onde se encontrou com diversas lideranças locais.

O evento contará com a participação do Diretor da FFLCH-USP, Prof. Dr. Sérgio Adorno, da Diretora do Centro de Estudos Árabes, Prof. Dra. Arlene Clemesha, e do professor do Departamento de História, Prof. Dr. Peter Demant.

Organização: Fórum 18 / FFLCH – USP / GT Oriente Médio e Mundo Muçulmano (LEA – USP)

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Perspectivas de Paz para Israelenses e Palestinos

Egito: o que está acontecendo?

Na última quarta feira, dia 14 de Agosto, o Egito deixou o mundo em choque. O país está em período de transição desde Janeiro de 2011, quando começaram as manifestações que levaram à renúncia de Hosni Mubarak. Mubarak manteve um governo altamente autoritário com duração de mais de três décadas.

Após um governo de transição liderado pelo exército, há cerca de um ano o país elegeu seu primeiro presidente eleito. Membro da Irmandade Muçulmana, Mohammed Morsi permaneceu como presidente do Egito até o dia 03 de Julho de 2013. Ao longo de seu relativamente curto governo, Morsi enfrentou uma séria oposição composta por liberais, seculares e esquerdistas.  Desde sua eleição, as manifestações por um governo que atendesse às demandas sociais e econômicas do Egito continuaram. O presidente deposto foi acusado de prosseguir com o autoritarismo de seu antecessor.

No dia 30 de Junho deste ano, para marcar o primeiro aniversário de Morsi no governo, milhões de civis tomaram às ruas do Cairo em protesto aos rumos da presidência. A manifestação foi organizada pelo Movimento Tamarod. Na ocasião, os manifestantes incitaram o exército a dar um ultimato para o presidente Morsi, avisando que se ele não viesse a cumprir as demandas econômicas e sociais em até 48 horas, as forças armadas iriam intervir e instaurar seu próprio plano de governo. A resposta de Morsi foi de que sua presidência era legítima e que qualquer medida que o levasse a renunciar à força acabaria conduzindo o país ao caos.

Manifestação contra Morsi: “Somente palavras”

Manifestação contra Morsi: “Somente palavras”

Morsi foi deposto pelas forças armadas no dia 3 de Julho, quando o General Abdul Fattah al-Sisi declarou que a constituição do país estava suspensa. O Chefe da Justiça Adly Mansour ficou responsável por assumir o governo de transição, que deveria se manter até que fossem realizadas eleição residencial e parlamentar. O vice-presidente nomeado foi Mohamed ElBaradei, figura de destaque da oposição. Desde então, o Egito ficou dividido entre os apoiadores de Mohammed Morsi e seus opositores.

Na última quarta feira, dia 14 de Agosto, o Egito enfrentou o que o Primeiro Ministro da Turquia chamou de um “massacre muito sério”.  As forças armadas do governo de transição invadiram dois acampamentos de protestos a favor de Morsi, utilizando gás lacrimogêneo e armas de fogo para dispersar os manifestantes. Tanques blindados também fizeram parte da operação.

Os acampamentos se localizavam próximos ao Cairo, na mesquita Rabaa al-Adawiya e na Praça Nahda ao oeste da cidade. Segundo o Ministério da Saúde, foram cerca de 3700 feridos e 525 mortos. A Irmandade Muçulmana, principal apoiadora da legitimidade de Morsi, afirma que o número de assassinados é superior a dois mil. O Ministério da Saúde declarou que em seus relatórios só constam o número de corpos que passaram pelos hospitais púbicos.

Cartaz a favor de Morsi: “Sim à legitimidade. Não ao golpe”

Cartaz a favor de Morsi: “Sim à legitimidade. Não ao golpe”

Na manhã de quinta, dia 15 de Agosto, a Irmandade Muçulmana convocou a população para marchar contra a ação das forças armadas do dia anterior, tanto no Cairo quanto em Alexandria. Os manifestantes invadiram o prédio que sedia o governo em Giza, incendiando as instalações. Após algumas horas, foram rechaçados pela polícia.

O vice-presidente do governo de transição, ElBaradei, renunciou na quarta feira em oposição às ações das forças armadas. Os Estados Unidos, assim como outros governos, condenou a intervenção militar do dia 14 de Agosto e anunciou que as operações militares conjuntas com o Egito previstas para Setembro estão canceladas. Tayyip Erdoğan, o Primeiro Ministro da Turquia, pediu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas se reúna rapidamente para tomar alguma atitude em relação à violência no país.

Desde as manifestações de Janeiro de 2011, o Egito enfrenta seu momento mais sangrento. O mundo tem reportado as notícias que acontecem a cada momento no país e sobre ele, mas análises sobre o futuro são complicadas de serem realizadas. Desde Janeiro de 2011, ainda, através de manifestações, a população conseguiu depor um governo autocrático, votar para presidente, tirar do poder o governante eleito por insatisfação e lutar contra o governo de transição atual. Ainda em Janeiro de 2011, a população se encontrava bastante diversificada na Praça Tahrir: homens, mulheres, islamistas, seculares, jovens, estudantes e mais. Eles tinham um objetivo comum, porém pouco detalhado: ua liderança democrática e justa para a população. Hoje, o Egito está dividido. Os interesses de cada grupo estão cada vez mais entrando em confronto, o que não é algo de simples análise em um país com uma população superior à 82 milhões de pessoas, em uma sociedade altamente estratificada social, religiosa e economicamente.

Texto publicado originalmente no blog Middle East Talks … vamos bater um papo sobre Oriente Médio?.

Este e outros textos da autora podem ser conferidos em http://orientemediohoje.com/